Carta à menina da Rua da Floresta.


                                                
Janduís, 07.01.2018

Cara menina da Rua da Floresta, quanta saudade tua. Algumas lembranças ainda me são nítidas, talvez tua grande imaginação e vontade de mudar as coisas são as melhores e as mais fortes lembranças que ainda tenho de ti.


Mas, essa carta não é pra matar saudade, é uma maneira de te contar algumas coisas do teu futuro. Lamento muito no que você irá ler aqui. Talvez você irá ficar um pouco chateada com algumas coisas. Mas se serve de consolo, vai ter muita coisa legal também.


Para começar, suas amigas não serão as mesmas. Parece meio inacreditável, mas elas não serão tuas confidentes. O sentimento e a ligação continuarão, mas a vida te apresentará outras amizades tão boas quanto - Relaxe que nesse quesito a vida tem sido muito generosa com a gente.


Na vida amorosa, te digo, mas ainda não sei se é bom ou ruim, o universo meio que ouviu teus pensamentos enquanto você costumava deitar na calçada, olhar as estrelas e pensar sobre o teu futuro. Fique tranquila que tu passarás ilesa por tua adolescência. Não irás encontrar o homem da tua vida aos quinze anos. Não irás engravidar, ter um monte de menino, deixar os teus sonhos em stand by e focar numa família. Mas se você puder ser gentil comigo, nos teus desejos sem paixão coloque um prazo de validade, viu?! Acho que os deuses entenderam que o não se apaixonar era pra sempre... Chega certa idade que a gente necessita de paixão #Ficaadica.


Por falar em universo e estrelas. Peço-te mil desculpas, mas não deu. Pra ser sincera, nem cheguei a tentar, o teu conhecimento sobre o universo continuará sendo leigo, resumido a artigos para apaixonados por astronomia. O telescópio ainda continua na lista de coisas para comprar. Acho que esse ano ele vira realidade, mas prefiro não prometer.


Toda sua vontade de estudar, de viajar, de ir pra Universidade, tudo isso irá acontecer, mas nada será fácil. Troquei o universo pela terra e toda a dinâmica que existe nela. E, graças a isso, tu conhecerás muito coisa bacana, irás fazer muitas viagens e cada vez mais se apaixonar por conhecer coisas novas. Mas, desculpe-me mais uma vez, não consegui permanecer na vida acadêmica. Lamento profundamente ter que te informar, mas tive que largar tudo, eu juro que tentei. Fui até onde deu, sei o quanto tu almejava isso, o quanto achava impossível conseguir, mas conseguiu. Só não foi até o fim. Mas, saiba que capacidade, você teve. Aliás, tem! Estamos aqui tentando de novo, porém sem muitas pretensões...

Ah, sabe aquele caderninho que você criava histórias mesmo sem nem saber escrever direito? Então, a vida de dará uma amiga que irá escrever textos junto com você. E vocês vão criar um blog (é um negócio que vai ser modinha depois dos anos 2000).


Sabe quando você fica indignada porque você tem que lavar a louça antes de ir pra rua brincar e Denis e Sidrônio vão direto jogar bola sem precisar fazer nada? Então, você está certíssima, é pra se indignar mesmo. Isso é totalmente errado e aqui no futuro você vai aprender que isso se chama machismo. Junto com umas amigas você irá criar um grupo para tentar diminuir essas injustiças que nós mulheres sofremos...

No mais, aproveita essa fase boa de brincar de correr no méi da rua que eu vou tentando sobreviver por aqui. Quando der te mando notícias.

Com amor,
Barbarela.

P.S.: O “Barbarela” é uma longa história. Depois te explico.
                                        


Comentários

  1. Um dos textos mais lindos do blog! Uma verdadeira narrativa nostálgica de quem veio dar um recado do futuro a pessoa mais importante da sua vida. Reativar as memórias do passado é como conferir sentido ao que se vive no presente.

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